[REVIEW] - Shin chan: Shiro and the Coal Town

4 mêses atrás • Via CoelhoNews.com: Seu agregador de notícias Nintendo

A review desse vídeo exige contexto, pois vocês viram que eu relacionei uma série de coisas, aparentemente sem relação. É uma introdução às mecânicas do jogo, mas é também uma quase aula grátis Coelho No Japão.

Crayon Shin Chan, é uma série de mangá, que nasceu em 1990, virou anime em 92. Talvez você nunca tenha ouvido falar dessa série, mas ele é o décimo mangá mais vendido de todos os tempos (na frente de Attack on Titan), e é o décimo-segundo anime com mais episódios de todos os tempos (na frente de One Piece, inclusive). Então, é algo gigante no Japão, mas é uma série de “slice of life”/”vida cotidiana” e é algo mais voltado pro Japão mesmo, tipo Anpanman ou Doraemon.

Porém, curiosamente, de todos os ingredientes desse jogo, talvez o menos importante seja a série Shin Chan haha pois o jogo é na verdade um Animal Crossing com skin de Shin Chan, aliás, melhor que Animal Crossing… Boku no Natsuyasumi.

Esse jogo que tem um nome ocidental de “My Summer Vacation”, é considerado um dos PAIS DO GÊNERO COZY GAME, junto com Harvest Moon (de 1996) e Animal Crossing (de 2001), no caso, ele foi lançado para o Playstation em 2000 e foi criada por Kaz Ayabe.

Esse jogo é sobre um garoto que tem 31 dias de férias pra curtir no interior do Japão, a zona mais rural do país, e daí, ele pode pescar, caçar insetos, etc. O jogo termina em 31 dias, seja lá o que você fez, então, ele inovou nessa ideia de Cozy Game, pois ele não era sobre cumprir uma missão, uma obrigação, era um jogo sobre literalmente curtir suas férias como você quisesse.

Como curiosidade, existe um sucessor espiritual desse jogo lançado pro Switch, curiosamente meses atrás, chamado Natsu-Mon, também dirigido pelo Kaz Ayabe.

Porém, em algum momento, O Kaz fechou uma parceria com uma empresa chamada Neos para lançar um jogo de Shin Chan nos moldes de Summer Vacation, e em 2022 foi lançado “Shin Chan Me and the Professor On Summer Vacation”(mantendo o título da franquia, inclusive), e dá tranquilamente pra chutar que isso aconteceu graças ao sucesso mundial de Animal Crossing haha pois o estúdio do Kaz, a Millenium Kitchen, não lançava um My Summer Vacation desde 2010!

Sendo Shin Chan uma série naturalmente japonesa, e Summer Vacation uma franquia sobre férias no interior do Japão, vocês já imaginam que o teor “cultural japonês” desse jogo é grande haha por isso a relação com Ghibli, aquela coisa que é Japão na essência.

Dito toda essa introdução, o jogo desse vídeo é outro, “Shin Chan: Shiro and the Coal Town”, lançado HOJE. Como o Kaz estava fazendo o Natsu-Mon, ele apenas deu conselhos/leve supervisão para esse jogo, e sua desenvolvedora foi a “h.a.n.d.” um estúdio pequeno mas que tem envolvimento (provavelmente como suporte) em jogos como “The World Ends With You”, e “Naruto Storm” jogos com o forte em animação, e agora, eles são o nome principal no desenvolvimento de um jogo que também está sendo publicado pela Neos.

Foi uma LONGUÍSSIMA jornada envolvendo muitas séries até chegar nesse jogo, dá pra dizer que ele é a conclusão de muitas histórias e, tá na hora de falar dele em si, agora com vocês já sabendo um pouco sobre todos os seus núcleos.

COMO FUNCIONA O JOGO?

Em vez da temática férias, Shin Chan, ou, Shinnosuke, uma carismática criança de 5 anos, está de mudança. Seu pai está abrindo um negócio, a família foi morar numa cidade mais rural do Japão, e ele está conhecendo a cidade, e o seu avô começa a lhe apresentar os hábitos, as brincadeiras desse local tão cheio de natureza, ele ensina a pescar, caçar insetos, e sua avó também ensina jardinagem. Se você joga cozy games como Animal Crossing, vai se sentir em casa, pois, além dessas tarefas, o fator “comunicação com seus vizinhos” é essencial (lembrando que oficialmente, Animal Crossing é descrito como jogo de comunicação, até porque o termo Cozy Game não existia na época).

Além disso, o jogo aproveita a fama do último Animal Crossing e coloca elementos em comum, como uma pessoa que quer catalogar todas as descobertas de novos animais ou vegetais encontrados, ou, um menu com uma lista de tarefas tipo “faça isso tantas vezes” (embora aqui isso seja só uma conquista mesmo, não uma missão que dê recompensas, o que é uma falha do jogo, mas o layout é igualzinho). Então, o jogo sabe do sucesso do Animal Crossing e ele se deixa amigável para esse público, quem jogou New Horizons, já tá “meio caminho andado”, vamos assim dizer.

Porém, tal como em “Summer Vacation”, sua exploração é pelo que nós chamamos de “sala”, um conjunto de pequenos cenários, tipo Zelda ou Metroid clássico. E ele usa isso de forma genial com a sua animação: você tem um mini-cenário estático, sem movimento de câmera, que é praticamente um quadro desenhado, é um frame de um filme em animação mesmo, e você explora esse quadro, e ao fim dele, rola uma transição para outro quadro que está em outro ângulo, outra perspectiva.

É MUITO bonito o jogo ! É muito “realista” nesse sentido de animação, se você deixa o Shinnosuke parado e tira um print, parece cena de anime, foi um trabalho incrível mesmo. O próprio Kaz Ayabe disse que ele ficou chocado com o resultado final.

E você tem um sistema de tempo, dia, tarde e noite (depois tem que dormir e tal), só que, o tempo nesse jogo anda conforme você muda de sala/de cenário, então, se você tá numa ponte, cheia de peixes e tá quase dando a hora de ir dormir, você pode ficar naquele cenário o tempo que quiser, o relógio só vai andar quando você fizer a transição pro próximo cenário. E a melhor coisa do jogo, nesse sentido é que a qualquer momento você pode alternar se quer que o tempo passe normal, lento, ou rápido, então, você pode administrar bem sua exploração.

Até aqui, o jogo tava bem básico. Porém, um dia, seu cachorro, Shiro, começa a correr, e tentando pegá-lo, você acaba num trem que te leva para uma cidade misteriosa chamada Coal Town (lembrando, o nome do jogo é “Shin Chan: Shiro and the Coal Town”).

A INCRÍVEL CIDADE ABANDONADA

Coal Town é uma cidade industrial e que está em crise. Um monte de coisa quebrada, os comércios vazios… tá feia a coisa lá haha 

E aí, é claro que quem vai salvar UMA CIDADE INTEIRA, é uma criança de 5 anos. Brincadeiras à parte, existe uma inventora, uma engenheira, que é quem tem ideias pra solucionar os problemas, porém, ela precisa de materiais diversos, e aí, seria bom uma ajuda de alguém, vamos assim dizer, meio desocupado, né? haha E lá vai o Shinnosuke trazer tudo que ela pede.

Então, com essa dualidade “cidade rural” e “cidade industrial”, temos uma dualidade interessante pelo contraste. Em Coal Town, a gente coleta minérios, ajudamos a inventar bugigangas pra ajudar a população… então é meio “na nossa cidade é diversão, na outra cidade é trabalho"

Pouco a pouco, você se torna realmente importante pois é o único que consegue transitar entre as cidades, e isso é um mistério dentro do jogo, pois ninguém da sua família nunca nem ouviu falar de Coal Town, e o ponto do trem é só uma área abandonada… E aí, você começa a trazer itens da sua cidade pra Coal Town, por exemplo, num restaurante que precisa de salada… num tem salada lá, você vai, planta no seu jardim, colhe, e leva, entendem?

E isso é muito interessante, pois, agora sim estamos falando do jogo sendo ele mesmo, e não sendo “Animal Crossing” ou “My Summer Vacation”, esse Shin Chan é um jogo que tem um objetivo, você tá ajudando o reerguimento daquela cidade. Então, ele é sim um Cozy Game, mas tem um teor mais de jogo de aventura também nesse sentido.

E embora o enredo seja mais sobre os personagens e a pequena história de cada um deles, existe uma história mais linear, uma sucessão de acontecimentos, principalmente em Coal Town, e que envolve, inclusive esse mistério da cidade que ninguém ouviu falar e um dos fatores que tem arruinado a cidade. Não é que o jogo valha pela narrativa, mas entendendo a proposta, e principalmente as origens desse jogo…até que ficou uma história family friendly legal.

Por fim, em Coal Town temos ainda uma atividade que é praticamente um jogo separado. Bom, estou falando das corridas de carrinho de mineração. Sim, é um esporte da cidade pegar aqueles carrinhos das fases de Donkey Kong, e competir pra ver, não quem chega primeiro, mas quem faz mais pontos, podendo atropelar o outro e tudo mais. 

Essa atividade é bem desenvolvida, são várias pistas e tem todo um sistema de aprimoramento próprio do seu carrinho, compra de carrinhos melhores… é bem legal e é algo menos “tranquileba”, vamos assim dizer, pois é uma competição, dá pra você perder, tem recompensas difíceis de conseguir, então, é um pequeno (pequeno mesmo) desafio pra quebrar o gelo do resto do jogo que é super cozy game mesmo.

PRÓS E CONTRAS

Já partindo pra parte opinativa e conclusiva, os problemas de “Shin Chan: Shiro and the Coal Town” são:

As conquistas que são apenas conquistas, e não dão recompensas ao concluir.

Falta de atividades extras ou momentos únicos pra se alternar entre as demais atividades que estão ligadas às missões do jogo. Não é que não tem… é pouco.

Por consequência, a gameplay é sempre muito cíclica, e se reiventa pouco e principalmente os jogadores que tem pressa podem achar o jogo repetitivo, esse jogo é um cozy game que é melhor entrar nele sem intenção de rushar pra ir pro próximo, ou mesmo sem intenção de terminar ele de cara… alguns jogadores podem bem começar, jogar um parte, depois mudar de jogo, voltar nele depois…é um jogo bom pra isso.

Falta de músicas. São boas as músicas, o problema é que tem poucas

Falta de um local para vender itens. No jogo, podemos no máximo trocar itens, mas não temos controle sobre quem vai pedir o quê em troca do quê.

Falta de customização. Não tem NADA nesse sentido. Roupas, decoração da casa… nada… e poh, num cozy game, isso é essencial.

E sendo mais rabugento… quando apontamos o botão pro Shinnosuke correr, ele quase sempre fala, e são umas 3 coisas só, então, enjoa rapidamente, podia ter uma opção pra desligar isso.

Com certeza o preço alto e a falta de português, principalmente considerando que o jogo anterior tinha pt-br.

Os prós são:

É um jogo que herda mecânicas de uma série lendária, literalmente fundadora dos cozy games. Mas que também soube se contextualizar pra jogadores de outros cozy games atuais, e ao mesmo tempo soube achar algo único pra diferenciar.

É algo mais sucinto e direto, um cozy game que não vai te exigir dezenas de horas pra terminar. A campanha pode ser terminada entre 10 a 15 horas. Não fizemos o 100% mas ele também não deve levar mais do que 20 a 25 horas. O que é um bom tempo de jogo, ou pelo menos aceitável pra um (praticamente) indie.

Com certeza sua arte visual que já rasgamos elogios mas precisa ser pontuado novamente. É um esculacho como esse jogo é bonito.

Com certeza seu carisma, seja pelo lado “animação infantil tradicional japonesa”, pelo lado “jogo que retrata vida nas cidades rurais do Japão”, ou pelos personagens, em especial o protagonista Shinnosuke, que entende palavras erradas, tem aquela sinceridade de criança… tirando os gritinhos de corrida, ele é um bom protagonista sim.

Por mais que faltem alternativas ao gameplay cíclico do jogo, o ciclo em si é bom e pode viciar, pois você tem sempre alguma missão secundária pra cumpir, a missão principal, vai de uma pra outra bem rápido, então, você sempre tem o que fazer, o que correr atrás de coletar, uma área nova pra explorar de uma das duas cidades… é bom de jogar, novamente, quem joga com pressa pode achar repetitivo, mas se você pegar a vibe descompromissada dele, entender que tudo pode ser feito no seu tempo, não tem limite de dias, nada do tipo… é bem clicável sim.

A única atividade extra desenvolvida que tem, pelo menos é bem desenvolvida e gera bons momentos acrescentando muito à experiência geral.

Poucos bugs e mesmo os que experienciamos, foram coisas que não prejudicam o gameplay, então, a parte técnica do jogo foi finalmente um “tá rodando liso, galera”.

CONCLUSÃO

“Shin Chan : Shiro and the Coal Town” veio sem alarme e se mostrou um bom Cozy Game.

Existem melhorias que são mais necessárias ou menos necessárias, mas seja como um jogo de Shin Chan, ou como um sucessor de “My Summer Vacation”, esse jogo pertence à uma linha de agora 2 jogos, muito interessantes e que podem ser o ápice de popularidade, tanto pra jogos de Shin Chan quanto algo na linha Summer Vacation. É com certeza uma franquia que estamos na torcida pra que tenham mais jogos e cada vez mais completos e sanando as maiores ou menores melhorias pedidas, e de preferência, com a volta da localização no idioma mas também com uma localização de preço.

A nota técnica do jogo, considerando seu conteúdo, execução de gameplay e parte técnica, prós e contras objetivos, é de : 8,0. Já é um bom jogo, mas ainda tem muito o que melhorar.

E a nossa tier de recomendação e experiência pessoal geral, é a tier : A. 

Espero que tenham gostado do que viram e ouviram, nós gostamos do que jogamos!


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